sábado, 27 de junho de 2009

O amor nos tempos de cólera


O amor nos tempos de cólera
Gabriel García Márques

Fabuloso. Um livro que me encantou na recta final. O amor nos tempos de cólera é um livro de acção lenta, podendo compara-lo a um bom vinho tinto. É preciso saborear o livro e as personagens.

O livro trata do eterno amor de Florentino Ariza por Fermina Daza, estes apaixonam-se na sua juventude, no entanto não se podendo casar, ficam meio século separados.

Cinquenta anos volvidos, no dia em que o marido de Fermina morre, logo após o funeral, Florentino, volta a dirigir-se a ela:




"- Fermina - disse-lhe. - Esperei esta ocasião durante mais de meio século, para repetir-lhe uma vez mais o juramento da minha fidelidade eterna e do meu amor para sempre."

É deste modo surpreendente que ficamos a saber a história logo no início, tal como em "Crónica de Uma Morte Anunciada", Gabriel García Márques dá inicio a uma das mais belas histórias que já li. Não por se tratar de uma história de amor, pois não se trata bem disso, mas sim pelas personagens. É realmente muito difícil encontrar personagens tão reais e densas nos livros que vamos lendo. A maioria das personagens ou heróis não se aproximam de pessoas reais, ou não tem realmente uma vida real, ou simplesmente não nos é mostrado uma personagem credível e completa.

Neste romance destaca-se, a complexidade das personagens, além da caracterização fria e crua da maioria dos países da América do Sul, com a imensa pobreza, prostituição e doenças que abundam, sem contudo deixar de ser um livro intensamente comovente.


terça-feira, 23 de junho de 2009

O Império dos Pardais

O Império dos Pardais
João Paulo Oliveira e Costa

O império dos pardais é um excelente romance histórico escrito por alguém da área, ou seja, o seu autor é um historiador. Normalmente este tipo de incursões de académicos na ficção não dá grandes resultados. Felizmente não foi este o caso. Nele somos atirados, literalmente atirados, para o meio da Lisboa manuelina, plena de pormenores de toda o tipo, chegando-nos o mais das vezes um conjunto de cheiros através da leitura. O risco de uma empreitada destas é o facto de o seu "feitor" ser um historiador pois por certo lhe foi extraordinariamente difícil dosear os dados históricos em detrimento da acção narrativa.

Neste romance o autor apresenta-nos uma história "paralela", onde a espionagem é a peça chave quer do enredo, quer do entorno histórico que o subjaz. As personagens estão muito bem definidas e coerentes, dando-lhes ele um cunho de grande verosimilhança. As personagens centrais Constança, mais tarde Violante, e seu mentor Vasco de Melo transformam a narração numa constante turbulência que não nos deixa pousar o livro. Um romance que se lê de um folgo.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Aristocrats in Bourgeois Italy: The Piedmontese Nobility




Aristocrats in Bourgeois Italy: The Piedmontese Nobility, 1861-1930
Cardoza, Anthony L.

Pareceu-me conveniente não falar apenas de obras de ficção. A leitura e os seus hábitos passam também pela leitura de outras obras como é o caso deste estudo sobre as relações da aristocracia na Itália burguesa por altura do Risorgimento Italiano. É um estudo de grande qualidade que nos deixa "ver" qual a correlação de forças neste período, assim como a mobilidade ou a sua inexistência no período estudado. Curioso é sobretudo verificar que sobre alguns aspectos a aristocracia do norte de Itália tem um conjunto de comportamentos e tiques similares ao da aristocracia portuguesa do período liberal. Uma obra fundamental para entender a Itália deste período.





Seria imperdoável não referir as duas excelentes obras de Nuno Gonçalo Monteiro, que vão do antigo regime ao liberalismo, sendo elas: "O Crepúsculo dos Grandes. A Casa e o Património da Aristocracia em Portugal (1750-1834)", "Elites e Poder. Entre o Antigo Regime e o Liberalismo" que nos dão uma panorâmica geral do comportamento da aristocracia portuguesa durante estes dois períodos e abordando aspectos específicos da mesma. Apresenta-nos nas duas obras um conjunto de elementos e dados, muitos deles pela primeira vez, que se mostram fundamentais para o entendimento de um conjunto de atitudes que são estruturantes na forma de estar e reagir e as consequências que daí advém. Para quem quiser entender melhor este período, tal como a obra de Cardoza, são fundamentais.



domingo, 21 de junho de 2009

Rebeca


Rebeca
Daphne du Maurier


Tinha lido boas críticas sobre o livro, e como gostei das características da obra coloquei o livro no topo da pilha de "livros para ler". Não corresponde bem ao que eu supus que a obra se tratava, no entanto gostei muito do livro.

A história é contado pela personagem principal, que muito jovem, casa com um verdadeiro príncipe encantado, viúvo, rico e mais velho. Após voltar de lua de mel terá de enfrentar o fantasma da primeira mulher - Rebeca - que morre afogada. Tudo a relembra constantemente o lugar que está a ocupar, o de segunda. Sente a constante presença de Rebeca em tudo, a caneta que usa, a cadeira em que se senta, e até o cachorro que a acompanha, tudo remetia para Rebeca. E depois tudo muda...

Gostei muito da escrita da autora, mesmo muito. Muito fluída, mas muito elegante e cuidada. As descrições da casa são fenomenais, uma mansão situada ao pé do mar, com uma pequena praia privativa. Jardins fabulosos. Além das descrições, há momentos muito bons, a apresentação da máscara no baile de mascarados e a discussão com a governanta no quarto são excelentes a nível de acção. Se o filme tiver sido bem realizado será certamente um filme a ver.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Memórias




Livros lidos em 2009



Cá vai a minha lista de livros lidos em 2009:
(livros lidos, avaliação de cada livro e os que espero ler ainda este ano)

Escala de notas:
1 - Horrível, detestável.
2 - Muito mau
3 - Mau
4 - Fraquinho
5 - Médio -
6 - Médio
7 - Satisfatório
8 - Bom
9 - Muito Bom
10 - Obra prima

Os livros de 2009:

Janeiro
1) A rapariga de Tanger - Frank Gold [4/10]
2) A primeira investigação de Poirot - Agatha Christie [5/10]
3) O mistério do comboio Azul - Agatha Christie [5/10]
4) A aventura do pudim de natal - Agatha Christie [6/10]
5) O caso dos 10 negrinhos - Agatha Christie [7/10]

Fevereiro
6) Lua nova - Stephenie Meyer [5/10]
7) Eclipse - Stephenie Meyer [4/10]

Março
8) Todos e Nenhum - Henrique Nicolau [8/10]
9) Poirot investiga - Agatha Christie [6/10]
10) Uma vida em beleza - Henrique Nicolau [7/10]
11) Sombra - Neil Jordan [6/10]
12) A estrada - Cormac McCarthy [10/10]
13) Orgulho e Preconceito - Jane Austen [6/10]

Abril
14) O trabalho é sagrado - Henrique Nicolau [6/10]
15) A sabedoria dos Mortos - Rodolfo Martinez [6/10]

Maio
16) Pássaros Feridos - Colleen McCullough [7/10]
17) As minas de salomão - Henry Rider Haggard (tradução Eça de queiroz) [6/10]

Junho
18) Um Estudo em Vermelho - Sir Arthur Conan Doyle [7/10]
19) Madame Bovary - Gustave Flaubert [5/10]
20) Persuasão - Jane Austen [7/10]
21) Rebeca - Daphne du Maurier [8/10]
22) O amor nos tempos de cólera - Gabriel Garcia Marques [9/10]

Julho
23) O signo dos quatro - Arthur Conan Doyle [7/10]
24) Devil's Foot - Arthur Conan Doyle [7/10]
25) O planeta dos dragões - Anne McCaffrey [9/10]
26) Do álbum de um detective - Headon Hill [5/10]
27) Dias tranquilos em Clichy - Henry Miller [7/10]

Agosto
28) Marcada -
P.C. Cast + Kristin Cast [1/10]
29) Metarmofose - Franz Kafka [8/10]
30) A Trilogia de Nova Iorque - Paul Auster [7/10]
31)
Ficções - Jorge Luís Borges
32) Amanhecer -
Stephenie Meyer [7/10]

Setembro
33)
A guerra dos tronos - G.R.R.Martin [9/10]
34) Clube Arcanum - Thomas Wheeler [7/10]
35)
O Dragão branco I - Anne McCaffrey [9/10]
36) O dragão branco II - Anne McCaffrey [8/10]


Outubro
37) Amantes da Lua Negra - António Rolo [8/10]

Novembro
38) A Luz - Stephen King [8/10]
39) Sangue Fresco - Charlaine Harris [8/10]
40) A Praga Escarlate e o combate - Jack London [8/10]

Dezembro
41) A muralha de Gelo - G.R.R. Martin [9/10]
42) Tudo o que resta - Patricia Cornwell [6/10]
43) A Canção de Kali - Dan Simmons [7/10]


-------- A ler ainda este ano -------------
----- não necessariamente nesta ordem -----

  1. As Vinhas da Ira - John Steinbeck
  2. A Fúria dos Reis - G.R.R. Martin
  3. A Filha da Floresta - Juliet Marillier
  4. Meridiano de sangue - Cormac McCarthy
  5. Pela Estrada Fora - Jack Kerouac
Livros para o próximo ano:
  • O Deus das Moscas - Wiliam Golding
  • O Dia dos Prodígios - Lidía Jorge
  • Os Pilares da Terra - Volume I - Ken Follett
  • O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago
  • O primeiro homem de Roma I – O Amor e o poder - Colleen McCulough
  • Jerusalém - Gonçalo M Tavares
  • Sinais de Fogo - Jorge de Sena
  • Estação de transito - Clifford D. Simak
  • O mundo do rio - Philip J. Farmer
  • "Moinho a Beira do Rio - George Eliot
  • O Som e a Fúria - William Faulkner
  • Antologia do Conto Fantástico Portugues - Afrodite (temos lá em casa)
  • Margarida e o Mestre - Mikhail Bulgakov
  • O despertar de Cthulu - Lovecraft
  • Alexandre, a corte da morte - Paul Doherty (já comprei )
  • Alexandre, o rival dos deuses - Paul Doherty (já comprei )
Alguma sugestão?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Persuasão


Persuasão
Jane Austen


Este é o segundo livro que leio de Jane Austen e que me agradou bastante mais que o anterior, "Orgulho e preconceito". Mais pequeno mas mais bem delineado.
Nesta historia conhecemos a família Elliot, também ela muito caricata e de classe média-alta. Anne Eliot é o membro mais razoável e inteligente da família. Anne apaixona-se por um oficial da marinha - Frederick Wentworth, que no entanto não tem nome, nem bons conhecimentos.
Sem o apoio da família Anne, desiste do noivado e do seu amor. Oito anos depois, Frederick volta a encontrar-se com Anne, desta vez com uma bela fortuna e à procura de uma jovem para se casar. A família de Anne em contra partida esta falida. Daqui se desenrola a historia.

Jane Austen caracteriza muito bem a sociedade e a estanquecidade das classes sociais, a importância de um nome de família, do dinheiro e das relações.
É curioso reparar como as relações se mantinham nesta altura, como era importante ser apresentado a uma duquesa, ou de visitar alguém que chega de novo à vizinhança, se este tiver estatuto social, deixando um cartão de visitas.

O tema é um pouco banal para nós hoje, mas Jane Austen escreve bem e descreve ainda melhor.
Este livro deu-me bastante mais prazer que o anterior, o que tornou a leitura muito mais fluente.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Madame Bovary


Madame Bovary
Gustave Flaubert

Um livro que demorou mais de 5 semanas a ser lido e que por várias vezes esteve prestes a ser encostado. Pelo meio li vários outros livros mas decidi que não encostava um clássico tão facilmente e tive também várias pessoas que me garantiam que era um bom livro.

O livro divide-se em 3 partes. Em que a acção vai melhorando muito na segunda e terceira parte. É inegável que Gustave Flaubert escreve bem. Não é o meu género de escrita, muito descritivo e lento a nível de acção. No entanto as ultimas 120 páginas foram lidas num dia, o que só demonstra a qualidade da escrita. A terceira parte do livro é rápido e muito interessante a nível de escrita e acção.

O livro conta-nos a historia de Charles Bovary, que se torna um médico medíocre. Apaixona-se por Emma com quem se casa. A vida do pobre imbecil (e só assim poderei fazer justiça a Charles Bovary) a partir desse momento caminha para o abismo sem ele ter noção de nada. Emma torna-se rapidamente um mulher insuportavelmente frívola, leviana fútil, inconstante todos os adjectivos neste sentido podem-lhe ser atribuídos... Emma deseja ardentemente apaixonar-se e acima de tudo que se apaixonem por ela. Deseja o luxo. O descalabro a partir daqui é grande e mesmo eu não gostando muito do livro desejei que houvesse salvação para Emma e para Charles. Tive pena do modo como todos se aproveitaram deles e de como ela nunca teve percepção do que iria acontecer e de como ele por a amar cegamente acreditava em tudo o que ela dizia.

Recomendo o livro para quem gostou de livros como "Os Maias".


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um Estudo em Vermelhor


Um estudo em Vermelho
Sir Arthur Conan Doyle

Não há amor como o primeiro e não haverá livro como o primeiro.

Sherlock Holmes faz parte da minha adolescência. Foi ele que me levou a beleza dos livros, das historias e todo um mundo tão diferente daquilo que eu conhecia. Foi por a minha irma ter na sua estante um livro enorme vermelho com um morcego enorme (colecção vampiro - Livros do Brasil), que eu me tornei na leitora apaixonada que sou hoje. Numa casa em que não havia o habito da leitura e onde havia uns escassos 15 livros (para alem dos manuais escolares) iniciei-me na leitura com Sir Arthur Conan Doyle.

Como tal, os amantes de Agatha Christie que me perdoem por considerar Sherlock Holmes o detective mais sublime e apaixonante de todos os tempos.


O Estudo em Vermelho é a primeira história na saga de Sherlock Holmes, nele pela mão de Dr. Watson conhecemos Sherlock Holmes com quem ira dividir apartamento na tão conhecida Baker Street nº 221B. Nesta altura ainda Sherlock Holmes é um desconhecido para o publico em geral, e para o Dr. Watson. Apenas alguns inspectores da Scotland Yard conhecem as imensas qualidades e as técnicas únicas da dedução lógica utilizado por Holmes, recorrendo a ele em casos mais difíceis de desvendar.

O crime encontra-se envolto de características estranhas. Um americano rico é encontrado morto numa casa desocupada. Sem nenhum ferimento físico mas rodeado por sangue, com uma expressão de terror estampado no rosto, mas sem indícios de luta, Sherlock Holmes entra em acção desvencilhando estre crime em 3 dias.

O primeiro de muitos casos de Sherlock Holmes.