quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ensaio sobre a cegueira



Ensaio sobre a cegueira
José Saramago

Decidi ler este livro do Saramago mais por causa da publicidade que o filme tem tido, que pelo interesse que o autor me provoca e como o trailer me pareceu interessante, peguei então no livro. Devo dizer que o escritor nunca me impressionou muito, bem pelo contrário. Sempre me pareceu não saber pontuar. À uns tempo tentei ler o Homem Duplicado e não passei do segundo capítulo, o que não abona muito a favor dele, visto eu ser bastante "resistente" como leitora.

O livro em causa está escrito com bastante arrogância, explicando o que não precisa de ser explicado, como se o leitor fosse muito básico. O tipo de escrita não impressiona, muda o tipo de discurso constantemente sem que o saiba fazer. A pontuação continua a não ser abundante e a pouca que existe não é bem utilizada, os diálogos são em texto corrido... qual a necessidade do mesmo não sei. "É um estilo", até o pode ser, mas é um mau estilo.

O tema do livro consiste numa nova epidemia que emerge do nada, tornando aos poucos todas as pessoas cegas. No meio persiste a visão de uma mulher, "a mulher do médico". Esta continua a ver e acompanha o marido para todo o lado, ajudando este no que precisa. O mundo torna-se rapidamente numa coisa horrível em que todos tem medo de cegar. Todos os que que tem contacto com um cego, ficam repentinamente cegos. Os cegos são postos de quarentena e são deixados à sua sorte. A lei do mais forte entra rapidamente em vigor e as atrocidades sucedem-se.

A fome, a falta de condições, as violações e os massacres são os temas em que Saramago insiste constantemente durante todo o desenrolar da trama. Insiste com tal abundância na ideia dos corpos em decomposição no meio das ruas, nos excrementos e na sujidade que por todo o lado se espalha, que foi necessário passar parágrafos à frente, de cansada que já estava de ler sempre o mesmo...

O final do livro não foi bem conseguido, pois o escritor não consegue sustentar a historia, não consegue explicar, ou dar um sentido ao livro. Como aparece, também desaparece a epidemia, e todos voltam a ver. Como não foi conseguido passar a quem lê, o sentido do livro, Saramago acaba o livro a explicar: " Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem."

Transcrevi na integra para sofrerem um pouco.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Crónicas do Tempo


Crónicas do Tempo
Vera Lagoa (a falta que ela faz ao jornalismo e à Democracia portuguesa...)

Lindo! Recomendo vivamente! É assim que terei de começar esta minha revisão sobre o ultimo livro que li. Mais direi, belo, belissímio, fantástico! Ah! Que falta que uma verdadeira senhora, com os "ditos" bem no sitio, nos faz neste momento de crise (Crise esta em que nos encontramos a cerca de 2 anos).
Não, não farei comentários políticos! Vou esforçar-me muito para tal, mas vou hoje apenas falar sobre o Crónicas do Tempo.

Escrito em 1975/76, período histórico já por si agitado, foi baseado nas crónicas sociais de Vera Lagoa, no Diário Popular, com a coluna «Bisbilhotices» e também do semanário Tempo. Dirigiu corajosa e estoicamente o semanário «O Diabo», cujo primeiro-número apareceu nas bancas em 10 de Fevereiro de 1976. Sob a «Lei de Imprensa» em impositivo vigor, «O Diabo» foi suspenso pelo Conselho da Revolução, considerando que Vera Lagoa atacou num dado artigo violenta e inadmissilvelmente o presidente da República.
A Senhora criticava e atacava, a torto e a direito, nos políticos activos que não se inseriam na linha do seu pensamento político, frente à situação de Portugal do momento, nos novos ricos, nos retornados... A sua coragem era de louvar, fazia frente a políticos que, num Portugal com uma boa parte da população analfabeta, se movimentavam na procura do poder.


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