quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A instrumentalina e outros contos


A instrumentalina e outros contos

Lídia Jorge

Nunca tinha lido nada da Lídia Jorge e decidi arriscar. Dela apenas me tinham falado de "O dia dos prodígios", como sendo uma obra excepcional. Adoro contos e espero sempre muito deles. Neste caso temos um conjunto de 7 contos, dos quais me agrada um, considero outro engraçado e sendo-me os restantes indiferentes.


Começando pelo que gostei mais, "Marido", é um conto cruel. É a melhor descrição possível, cruel. Lembrou-me de imediato "
O Homem que Odiava a Chuva e Outras Estórias Perversas" de Guilherme de Melo, outro livro de contos que li o ano passado, esse sim muito bom. Duma "malvadez" doentia quase.

O conto é um monologo de uma mulher humilde, com baixo nível de escolaridade e muita crença religiosa, e por aí é bem conseguído. Desde o inicio que consegue-se antever o fim da historia, contudo temos a pequena esperança que a desgraça não aconteça. Mauzinho, mas infelizmente, muito realista. Conseguimos imaginar passo a passo, como se estivesse a acontecer na casa ao lado. É um dos contos que vale a pena ler, pelo menos diferente é.


Depois temos
"O conto do Nadador", que está engraçado. Descreve "a mulher de antigamente", numa praia movimentada, no pico do verão dos anos 50. Não é excepcional, não nos deixa pensativos, mas sempre é agradável de ler, o que hoje em dia já é alguma coisa.

Os restantes, são simplesmente textos. Bem para já não pego em mais nada dela.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cadernos do Subterrâneo


Cadernos do Subterrâneo

Fiódor Dostoiévski


"Sou um homem doente... Sou um homem mau. Um homem repulsivo, é isso que eu sou."
Assim começa Dostoiévski a primeira parte do subterrâneo. Esta é escrita como um monologo "teatral" («o subterrâneo»), em que o autor expõe o seu mundo, os seus pensamentos e os seus desesperos.
Expõe os pensamentos de um homem pertubado e infeliz, ou simplesmente humilhado com a sua condição de humilhado pelo seu insucesso.
Em nota de rodapé, Dosteiévski esclarece que o autor dos cadernos é imaginário, mas contudo certamente existente na sociedade em questão.

Em muitos momentos, Dostoiévski consegue expor vários problemas de um modo simples e directo, com os quais sou obrigada a concordar. Noutros é apenas um homem desencontrado consigo mesmo, infeliz sem coragem para agir. "... ter uma conscência muito desenvolvida é uma doença, uma doença no verdadeiro sentido do termo". Observando o actual estado do país, terei de concordar infelizmente...

Na segunda parte do livro
("Por Motivo da Neve Húmida"),
ele conta-nos os episodios do dia a dia do herói ou anti-herói, miserável, incompleto e impotente para agir. Cada dia passa como um tormento de um cobarde que quer a todo o custo ser respeitado e amado, principalmente por quem o mais despreza. Mas cada tentativa para ser respeitado, mais o humilha e afunda no seu desespero. No pico do seu desespero humilha quem por fim sente algum amor por ele.

Em resume, um livro muito bem escrito.

""Estranho, áspero e louco", assim definiu Dostoiévki o tom de "Cadernos do Subterrâneo""