terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Assassinato de Roger Ackroyd


O Assassinato de Roger Ackroyd
Agatha Christie

Enquanto "navegava" pela net, encontrei alguma informação sobre Agatha Christie e fiquei admirada em saber que tinha escrito mais de 80 policiais, e que era a "a autora mais publicada de todos os tempos em qualquer idioma, somente ultrapassada pela Bíblia, e mais que Shakespeare". Mas o que me surpreendeu ainda mais, foi o facto de a obra prima dela ser O assassinato de Roger Ackroyd. Surpresa, surpresa! Nunca tinha ouvido falar do livro.

Andei a procura do livro pelas colecções vampiro e vampiro gigante que tinha lá em casa, e realmente a obra não se encontrava por lá! Mhmm, decidi então ler o livro em formato ebook. Não recomendo a leitura em tal formato, não tem metade da piada, mas vamos ao que interessa... o livro.

Fiquei um pouco desiludida, resumindo. Foi demasiado previsível. Após 100 paginas de leitura (em 200) já era mais que óbvio que a solução era só uma. Começando pelo início, Poirot decide reformar-se, mas na pacata aldeia em que ele decide repousar, ocorre um assassinato e ele é chamado para investigar. Mais uma vez, ao género de "Um Crime no expresso do Oriente", existem pessoas à mais, horas que não coincidem e provas que não fazem sentido. O assassino esta sempre presente mas ninguém o vê...

A obra não me parece realmente brilhante, tornando-se demasiado previsível para quem tenha lido alguns policiais. Mais uma vez só tenho a dizer, nada como o meu querido Sherlock Holmes, menos humano, mais arrogando, talvez um pouco drogado, mas sempre sem nos deixar de espantar. Mais vale escrever pouco mas bem é certo...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Crepúsculo


Crepúsculo
Stephenie Meyer

Bom, li uma critica deste livro aqui, e fiquei curiosa. Como já não lia nenhum romance deste género a algum tempo, embarquei no livro facilmente. Tinha como elemento principal um amor entre adolescentes e ainda por cima Vampiros. Gostei principalmente desta ultima parte... Vampiros! Adoro vampiros...

Sobre o livro, acho-o bastante agradável, de leitura fácil e ligeira, li-o num fim-de-semana sem grande esforço. É verdade, como tinha lido, que ao tempo que se vai lendo vamos acompanhando de um modo muito fácil as personagens. Não é maçudo o que é sempre bom, e tem umas novas perspectivas sobre vampiros.

Acho no entanto que certos elementos não se deviam mexer. Mesmo sendo personagens do imaginário, existe sempre um equilíbrio nos universos imaginários, ou seja, num mundo imaginário onde existiriam vampiros, os seres humanos teriam de ter algumas defesas possíveis, se não, nunca poderiam ter sobrevivido como espécie dominante. Estes vampiros da Stephenie Meyer, são demasiado perfeitos, sem desvantagens, sem defeitos, sem maneira de os destruir... Não tem medo de cruzes, agua benta, e luz. Entram nas casas dos humanos sem serem convidados! As estacas não lhes fazem mal, etc. Tudo está a favor deles... Peca por aí.

O livro está cheio de cenas já vistas e revistas... mas teremos de ter em atenção que o publico alvo , certamente era o americano, logo, um liceu muito "americano", um baile de finalistas, os adolescentes a conduzir, etc. etc. teria de obrigatoriamente estar presente.

Em geral o livro agradou-me.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Morte no Nilo


Morte no Nilo
Agatha Christie

Após um... li outro. Pois, por mais que me custe admitir afinal a senhora até escreve... e afinal o Poirot até é engraçado. Desta vez peguei noutra das mais conhecidas obras da Agatha Christie, e não resisti a acabar o livro no mesmo dia.

Desta vez Poirot vai de férias, umas férias no Nilo. Claro está que o nosso caro Poirot durante a sua viagem tem de resolver mais uma vez um assassinato feio e brutal. Desta vez um triângulo amoroso encontra-se no centro da intriga, com ciumes e traições pelo meio. Um casal em lua de mel é perseguido insistentemente pela antiga namorada, até que a noiva é encontrada assassinada na sua cama... O problema é que a ex-namorado tem um álibi acima de suspeita e não pode ter morte a rica milionária que se encontrava em lua de mel e que tinha acabado de roubar-lhe o namorado.

A intriga desta vez perde por ser um pouco mais óbvia, ou talvez óbvia de mais. Perde também por ser uma historia muito básica entre namorados e ex-namorados. Até Poirot parece aborrecido e enfastiado com a história...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Crime no Expresso do Oriente


Crime no Expresso do Oriente
Agatha Christie

Li em nova os livros todos do Sherlock Holmes, e nunca fui muito fá do belga, baixo, com bigode e muito arrogante. Da Agatha Christie sempre preferi a simpática Mrs. Marple. Mas como recentemente comprei o Crime no Expresso do Oriente por 2 euros, decidi ler uma das mais conhecidas obras do Mr. Hercule Poirot.

Surpreendentemente gostei do nosso caro Hercule Poirot. Já começa a ser difícil encontrar bons policiais que nos consigam surpreender e agradar. A história do assassinato de um americano mal encarado a meio da noite, está muito bem elaborada e enrolada. Para quem lê Policiais desde os 13anos e já conhece as artimanhas facilmente começa a entender para onde nos leva a escritora... Os indícios são muitos, e como já é usual, os pequenos pormenores são os que não nos podem escapar... Como tal, o simples facto do comboio estar lotado naquela altura do ano, é para mim o indicio maior.

Mr. Hercule Poirot não se engana, não tem nenhum deslize e é metódico! Com ele está um médico e o seu amigo de longa data que o acompanham durante a investigação fazendo o papel de simples distraídos. Nem todas as personagens tem o mesmo equilíbrio, nem todas as obras podem ser brilhantes. Surgem indícios de mais, provas em demasia e todas muito confusas. O livro está bem e recomenda-se.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ensaio sobre a cegueira



Ensaio sobre a cegueira
José Saramago

Decidi ler este livro do Saramago mais por causa da publicidade que o filme tem tido, que pelo interesse que o autor me provoca e como o trailer me pareceu interessante, peguei então no livro. Devo dizer que o escritor nunca me impressionou muito, bem pelo contrário. Sempre me pareceu não saber pontuar. À uns tempo tentei ler o Homem Duplicado e não passei do segundo capítulo, o que não abona muito a favor dele, visto eu ser bastante "resistente" como leitora.

O livro em causa está escrito com bastante arrogância, explicando o que não precisa de ser explicado, como se o leitor fosse muito básico. O tipo de escrita não impressiona, muda o tipo de discurso constantemente sem que o saiba fazer. A pontuação continua a não ser abundante e a pouca que existe não é bem utilizada, os diálogos são em texto corrido... qual a necessidade do mesmo não sei. "É um estilo", até o pode ser, mas é um mau estilo.

O tema do livro consiste numa nova epidemia que emerge do nada, tornando aos poucos todas as pessoas cegas. No meio persiste a visão de uma mulher, "a mulher do médico". Esta continua a ver e acompanha o marido para todo o lado, ajudando este no que precisa. O mundo torna-se rapidamente numa coisa horrível em que todos tem medo de cegar. Todos os que que tem contacto com um cego, ficam repentinamente cegos. Os cegos são postos de quarentena e são deixados à sua sorte. A lei do mais forte entra rapidamente em vigor e as atrocidades sucedem-se.

A fome, a falta de condições, as violações e os massacres são os temas em que Saramago insiste constantemente durante todo o desenrolar da trama. Insiste com tal abundância na ideia dos corpos em decomposição no meio das ruas, nos excrementos e na sujidade que por todo o lado se espalha, que foi necessário passar parágrafos à frente, de cansada que já estava de ler sempre o mesmo...

O final do livro não foi bem conseguido, pois o escritor não consegue sustentar a historia, não consegue explicar, ou dar um sentido ao livro. Como aparece, também desaparece a epidemia, e todos voltam a ver. Como não foi conseguido passar a quem lê, o sentido do livro, Saramago acaba o livro a explicar: " Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem."

Transcrevi na integra para sofrerem um pouco.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Crónicas do Tempo


Crónicas do Tempo
Vera Lagoa (a falta que ela faz ao jornalismo e à Democracia portuguesa...)

Lindo! Recomendo vivamente! É assim que terei de começar esta minha revisão sobre o ultimo livro que li. Mais direi, belo, belissímio, fantástico! Ah! Que falta que uma verdadeira senhora, com os "ditos" bem no sitio, nos faz neste momento de crise (Crise esta em que nos encontramos a cerca de 2 anos).
Não, não farei comentários políticos! Vou esforçar-me muito para tal, mas vou hoje apenas falar sobre o Crónicas do Tempo.

Escrito em 1975/76, período histórico já por si agitado, foi baseado nas crónicas sociais de Vera Lagoa, no Diário Popular, com a coluna «Bisbilhotices» e também do semanário Tempo. Dirigiu corajosa e estoicamente o semanário «O Diabo», cujo primeiro-número apareceu nas bancas em 10 de Fevereiro de 1976. Sob a «Lei de Imprensa» em impositivo vigor, «O Diabo» foi suspenso pelo Conselho da Revolução, considerando que Vera Lagoa atacou num dado artigo violenta e inadmissilvelmente o presidente da República.
A Senhora criticava e atacava, a torto e a direito, nos políticos activos que não se inseriam na linha do seu pensamento político, frente à situação de Portugal do momento, nos novos ricos, nos retornados... A sua coragem era de louvar, fazia frente a políticos que, num Portugal com uma boa parte da população analfabeta, se movimentavam na procura do poder.


biografia


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Tal mãe tais filhas


Tal mãe tais filhas
Pierre
Louÿs


Aqui está um livro que me deixa sem palavras para o descrever... isto para não utilizar palavrões no blog.

Comecemos por descreve-lo como um livro pornográfico. Sim, não é um livro erótico, nem ligeiramente "picante" é simplesmente pornográfico. Muito descritivo, sem se cortar nas asneiras, nem nos palavrões, vai completamente a direito, sobre quem, como e onde. Não posso negar que está bem descrito. Em certos momentos o autor consegue até ser bastante sensual e excitante, mas no parágrafo seguinte consegue ser horrendo e nojento. O autor joga com estes opostos, entre a repulsa e o desejo do leitor. Abrindo o livro ao calhas encontra-se com 99% de certeza uma descrição... de um acto sexual (fica mais bonito assim).

Para ficarem com uma ideia, o livro começa com o narrador a dar uns apalpões e um beijos a uma miúda de 14 anos nas escadas do prédio, de seguida leva-a para o seu apartamento (nunca contra vontade dela) e começa o "contacto" com a mãe e as filhas.
Diverte-se então com a pequena
Mauricette de 14 anos, sai e vem de seguida a mãe, Teresa nos seus 36 anos, que lhe manda de seguida a sua filha mais nova, Lili nos seus 10 anos. Pela noite vem Charlotte de 20 anos. O narrador vai descrevendo as diversões em que se mete com as 4. Em comum as 4 têm o facto de serem prostitutas, inicializadas na "arte" pela mãe pelos 8 anos e todas apenas gostam de sexo anal.

Como se pode ver é de fugir. E nesta pequeno resume, eu suavizei muito os termos como podem imaginar.

Nada deixa a dever ao Henry Miller no Opus
Pistorum, sendo às vezes até mais agradável de ler.

Nota: Depois deste livro, tive alguma curiosidade sobre o autor, farei então a partir deste livro uma pequena nota biográfica, para se poder perceber um pouco mais sobre os autores.

Nota Biográfica de Pierre Louÿs

Nota Biográfica de Pierre Louÿs

"... poeta, romancista e contista francês, chamava-se Pierre Félix Louis nasceu em Bélgica a 10 de Dezembro de 1870. A mãe era neta de Louise Junot, irmã do duque de Abrantes e do Dr. Sabatier, médico de Napoleão e um dos fundadores do prestigioso Instituto de França, composto de cinco classes, entre as quais a célebre Academia Francesa.

Depois de ter seguido, até à Retórica, os cursos da Escola Alsaciana, foi frequentar Filosofia para o Licei Janson-de-Sailly. Quando já se encontrava no Licei Henri IV, firmou amizade com André Gide (prémio Nobel de literatura de 1947) e escreveu as primeiras estrofes românticas e sensuais.
Depois em Montpellier, relacionou-se com Paul Valéry, por quem nutriu uma admiração profunda; a pensar nele, fundou
La Conque, pequena revista luxuosa destinada a acolher poesia muito grande."

Casa em 1899, casamento este que dura 15 anos. Conheceu pessoalmente Stéphane Mallarmé, Oscar Wilde, José Maria de Hérédia, François Coppée, etc. Morre por doença em 1925.

"A erudição sólida de Pierre Louÿs e o seu génio instintivo de mistificador alcançaram (...) uma desforra sensacional com a publicação de
Les Chansons de Bilitis, numa tiragem de apenas de 500 exemplares para bibliófilos que, todos eles e toda a crítica, a receberam como uma indiscutível obra-prima desconhecida da bela cortesã Bilitis, a quem a imortal Safo iniciara em Lesbos «na arte de cantar em frases rítmicas» e também nas cerimónias amorosas indispensáveis a una saúde perfeita! Hoje é considerado «um dos mais felizes espécimes de poemas em prosa jamais concebidos na língua francesa»."

Entre as suas obras destacam-se La Femme et le Pantin, "que foi a obra que melhor resistiu à evolução dos gostos", obra esta que foi adaptada ao cinema: The Devil is a Woman, 1935 - Josef von Sternberg; La Femme et le Pantin, 1958 - com Brigitte Bardot, de Julien Duvivier; Cet Obscur Objet du Désir, 1977, com a «mulher» repartida entre Carole Bouquet e Angela Molina, realizado por Luis Buñuel.

Les Aventures du Roi Paulose (1901), Sanguines, Pervigilium Mortis e o romance Psyché (1927) terminam o grupo de obras de Pierre Louÿs assinaladas em todos os compêndios literários de uso corrente.



sexta-feira, 30 de maio de 2008

Crónica de uma morte anunciada


Crónica de uma morte anunciada
Gabriel García Márquez

Sobre este grande livro não há muito a dizer. Para resumir, li-o numa tarde. Cada um tem de ler este livro para ter a sua opinião. Penso que com o Gabriel García Márquez, os livros são mesmo assim, ou se gosta muito ou se detesta.

O livro é simples, numa aldeia colombiana longe de tudo, um rico jovem é assassinado. Vinte anos depois um dos amigos recorda a trágica madrugada em que Santiago Nasar caminha tranquilamente para a morte. Todos os que o cumprimentam pela manhãzinha sabem que dois irmãos juraram limpar a honra matando-o.

Nada mais há para contar, apenas o modo como é escrito que é realmente especial.

Um bom livro.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

As sombras dos dias


A sombra dos dias
Guilherme de Melo

Por falta de conhecimento na área, não poderei dizer que este se trata do melhor livro sobre homossexualidade, no entanto, sem sombra para dúvidas, aborda o tema magistralmente, sendo por si só um grande livro.

O título está muito bem conseguido, o início do livro dá-se no meio de um intriga entre a personagem principal e o namorado, o que induz desde logo a curiosidade e a vontade de acompanhar o desenlace dos acontecimentos.

O livro se não é, parece muito autobiográfico. Tal como o autor, a personagem Gui (Guilherme talvez? ) nasce em Moçambique torna-se jornalista profissional e assume perante a sociedade a sua homossexualidade. A personagem passa alguns momentos caricatos durante o romance. Casa-se expondo à noiva as suas recentes descobertas. Aceita anos depois o divórcio com naturalidade assumindo-o como algo inevitável. Torna-se uma personagem respeitada na sociedade branca de Lourenço Marques, consegue impor os seus namoros, relações longas e fortuitas.

Guilherme de Melo expõe de um modo muito directo e simples o mundo e os meios em que se gira sendo homossexual. Pelo meio o autor nunca deixa de parte a altura conturbada de guerra colonial, os problemas raciais e por fim o eclodir da fuga em massa dos colonos.

Editado pelo Circulo de Leitores em 1981 com uma primeira edição de 3000 exemplares, é
um grande romance, sobre um tema ainda hoje muito controverso.

domingo, 20 de abril de 2008

O estranho mundo de Garp


O estranho mundo de Garp
John Irving

O livro é acerca de Garp e do seu mundo, literalmente. Este decide tornar-se escritor e recebe todo o apoio da mãe. Esta por sua vez torna-se numa best-seller e numa feminista seguida e idolatrada. Garp é incapaz de atingir o mesmo sucesso da mãe com os seus "bons" livros. A sua mãe vive atormentada pela lascívia e pelos males desta na sociedade.

O livro está cheio de pequenas historias que dão toda a beleza ao livro. Mas são as historias menores que são a verdadeira essência do livro. As personagens (secundárias) que vamos encontrando, fazem-nos rir até a exaustão, ou levam-nos às lágrimas sem grande dificuldade. Garp vive a vida de um modo especial, um dia de cada vez, protegendo os que ama. É no entanto incapaz de evitar o sofrimento destes, o que muito o frustra.

Ponto fulcral do livro é o "acidente" de carro que envolve toda a família. Neste ponto o autor doseia a dor, o sofrimento e a compaixão de uma maneira perfeita, levando o leitor a desesperar. Após este ponto é notória a viragem que se dá no livro e conseguimos aperceber-nos que a partir desse momento entramos na recta final.

Um livro que recomendo (antes de ver o filme).

quarta-feira, 26 de março de 2008

Maigret e a morte do perna-de-pau


Maigret e a morte do perna-de-pau
Georges Simenon

Maigret tem um estilo muito próprio, calmo e pachorrento. Sem pressas e gosta muito de um copinho, normalmente domina a situação e lida muito bem com os adversários. Mas por vezes encontra umas personagens irritantes pelo caminho como neste caso a pequena Adèle. Jovem, muito imbecil e com "ares de importante" vai fazendo a vida negra ao detective, enquanto este tenta descobrir quem assassinou o velho Perna-de-pau.

sábado, 15 de março de 2008

Maigret e o caso do ministro


Maigret e o caso do ministro
Georges Simenon

Nada melhor do que um policial para esquecer um mau livro. Simenon não desilude, desta vez com uma intriga politica que tenta denegrir a imagem do nosso querido "patrão" de meia idade, com o seu incontornável cachimbo. Como sempre Maigret adopta o seu estilo habitual que consiste em andar, escutar e olhar, concluindo por fim que os azares acontecem aos melhores.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Encontros de amor num país em guerra


Encontros de amor num país em guerra
Luis Sepúleda

Este foi um daqueles livros que me custou a ler, ou melhor a acabar. Não é um livro que nos prenda. As pequenas historias, ou melhor contos que o autor agrupou sem grande critério. Com uma, ainda que não muito dura selecção, na escolha dos contos em vez de editar tudo o que encontrou, poderia ter escrito um belo livro. Claro que alguns dos contos são bons. Apresenta-nos uma mistura (ou será mistela?) de temas para todos os gostos, "A aventura e a política, o amor e a guerra, a viagem e a utopia, a ironia e o mistério: todo o mundo do autor..." Não ganha nada com isso.

O livro encontra-se dividido em quatro partes:
Amores e Desamores, Heróis e Canalhas, Imprevistos e Uma outra porta do céu. Durante a leitura, lembramo-nos de Allende e de Garcia Marques. Quer pelos pequenos delírios, quer pelas referências a guerras.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A instrumentalina e outros contos


A instrumentalina e outros contos

Lídia Jorge

Nunca tinha lido nada da Lídia Jorge e decidi arriscar. Dela apenas me tinham falado de "O dia dos prodígios", como sendo uma obra excepcional. Adoro contos e espero sempre muito deles. Neste caso temos um conjunto de 7 contos, dos quais me agrada um, considero outro engraçado e sendo-me os restantes indiferentes.


Começando pelo que gostei mais, "Marido", é um conto cruel. É a melhor descrição possível, cruel. Lembrou-me de imediato "
O Homem que Odiava a Chuva e Outras Estórias Perversas" de Guilherme de Melo, outro livro de contos que li o ano passado, esse sim muito bom. Duma "malvadez" doentia quase.

O conto é um monologo de uma mulher humilde, com baixo nível de escolaridade e muita crença religiosa, e por aí é bem conseguído. Desde o inicio que consegue-se antever o fim da historia, contudo temos a pequena esperança que a desgraça não aconteça. Mauzinho, mas infelizmente, muito realista. Conseguimos imaginar passo a passo, como se estivesse a acontecer na casa ao lado. É um dos contos que vale a pena ler, pelo menos diferente é.


Depois temos
"O conto do Nadador", que está engraçado. Descreve "a mulher de antigamente", numa praia movimentada, no pico do verão dos anos 50. Não é excepcional, não nos deixa pensativos, mas sempre é agradável de ler, o que hoje em dia já é alguma coisa.

Os restantes, são simplesmente textos. Bem para já não pego em mais nada dela.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cadernos do Subterrâneo


Cadernos do Subterrâneo

Fiódor Dostoiévski


"Sou um homem doente... Sou um homem mau. Um homem repulsivo, é isso que eu sou."
Assim começa Dostoiévski a primeira parte do subterrâneo. Esta é escrita como um monologo "teatral" («o subterrâneo»), em que o autor expõe o seu mundo, os seus pensamentos e os seus desesperos.
Expõe os pensamentos de um homem pertubado e infeliz, ou simplesmente humilhado com a sua condição de humilhado pelo seu insucesso.
Em nota de rodapé, Dosteiévski esclarece que o autor dos cadernos é imaginário, mas contudo certamente existente na sociedade em questão.

Em muitos momentos, Dostoiévski consegue expor vários problemas de um modo simples e directo, com os quais sou obrigada a concordar. Noutros é apenas um homem desencontrado consigo mesmo, infeliz sem coragem para agir. "... ter uma conscência muito desenvolvida é uma doença, uma doença no verdadeiro sentido do termo". Observando o actual estado do país, terei de concordar infelizmente...

Na segunda parte do livro
("Por Motivo da Neve Húmida"),
ele conta-nos os episodios do dia a dia do herói ou anti-herói, miserável, incompleto e impotente para agir. Cada dia passa como um tormento de um cobarde que quer a todo o custo ser respeitado e amado, principalmente por quem o mais despreza. Mas cada tentativa para ser respeitado, mais o humilha e afunda no seu desespero. No pico do seu desespero humilha quem por fim sente algum amor por ele.

Em resume, um livro muito bem escrito.

""Estranho, áspero e louco", assim definiu Dostoiévki o tom de "Cadernos do Subterrâneo""

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A República nunca existiu!


A República nunca existiu!
Organizado por Octávio dos Santos

Surgiu uma nova editora que tem editado umas antologias com temas variados, esta fala-nos de um Portugal em que não existiu Regicídio. O nome da editora foi bem conseguido - Saída de emergência - têm piada e transmite em muito o sentido e significado da literatura para os apaixonados da mesma, já o livro... enfim.

São 14 autores, que infelizmente não divergem assim tanto uns dos outros, para desagrado meu.

Uma das histórias mais bem conseguidas sem dúvida é a da Luísa Marques da Silva - "Missão 121908" - futurista, com piada e sem ser estupidamente previsível. Relaciona de um modo inteligente e não forçado o início da primeira guerra mundial com a morte do filho de D. Carlos. Não tendo um ponto de vista demasiado monárquico, nem tentando enaltecer a importância de um rei para o desenvolvimento do nosso país, dá a conhecer pormenores do regicídio, dando-lhe uma visão feminina, a dor de D. Amélia na perda eminente do marido e de um filho.

Outro dos contos que me chamou a atenção foi "A lombada do moleskine" do Luis Bettencourt Moniz. Nada tem a ver com o regicídio, com histórias mirabolantes de grandiosos reis ou com guerras e ditaduras. Talvez nem se enquadre bem nesta antologia, mas é um conto com simplicidade, simplicidade que cada vez é mais difícil de encontrar, tudo tem de ser estrondoso, bizarro e violento para nos emocionar. Este conto nada conta de fabuloso, apenas está escrito fabulosamente.

A partir destes temos o corriqueiro, e o inimaginável:
  • um possível rei no século XXI a comprar o Benfica;
  • D. Manuel II como grande salvador e regente do império durante a recuperação do pai e irmão, lidando heroicamente com a situação, antecipando a necessidade da colaboração dos simples operários com a monarquia;
  • um possível rei que numa marcha consegue travar o Salazar e as suas ideologias fascistas para Portugal, tendo como grande monárquico o Álvaro Cunhal e todos os ilustres pensadores como amigos;
  • temos também uma versão... do além-mar, em que Brasil é "O" grande império que salva mais um rei que foge perante uma invasão do Franco apoiado pelo Mussolini e pelo Hitler, e em que mais uma vez o grande bicho papão - Salazar - fica como governante. De referir que este conto não se encontra escrito nem em brasileiro nem em português, sem desculpa de haver um monarca a falar português e outro a falar brasileiro, pois a dada altura tudo se mistura e confunde;
  • temos uma D. Amélia rancorosa que morre no exílio;
  • temos depois um conto delirante em que temos um jornalista maluco quer mudar o visual da família real para que a monarquia ganhe popularidade;
  • pelo meio aparecem OVNIS no Alentejo;
  • uma sociedade clandestina a favor da democracia que come esparguete à carbonária (note-se com carne humana);
  • um D. Manuel II traidor que tenta matar o pai;
  • um D. Manuel II maluco e que não tem grandes certezas sobre o que sabe;
  • mais uma tentativa frustrada de regicídio;
  • e um conto em que entre clonagens e muros que prendem a humanidade, nasce uma rainha que reacende a esperança na cidade.

O que aborrece é que nos tentam convencer que estaríamos muito melhor com uma monarquia. Estou convicta que certamente não estaríamos pior, mas aí é que entram as incertezas que nunca poderemos esclarecer.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A instrução dos amantes


A instrução dos Amantes
Inês Pedrosa

Este foi rápido de ler, é de leitura fácil e rápida, numa linguagem bastante fluída. Gira em volta de um grupo de adolescentes no pós 25 Abril, onde os problemas envolvem namoros, amores não correspondidos e todas as inseguranças próprias da adolescência agravadas pela época em questão. Aborda também o suicídio numa idade complicada.


O livro não trás nada de novo, mas não aborda mal o tema. Ficou contudo um pouco aquém das expectativas, que eram altas devido aos magníficos livros que já li dela.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A Eternidade e o Desejo

A Eternidade e o Desejo
Inês Pedrosa

Estava a espera de um belo livro, com uma historia de amor que me deixasse de rastos, como o Fazes-me falta ou o Fica comigo esta noite. Ambos muito bonitos e sem duvida diferentes do que anda por aí. Este no entanto é muito fraquinho e decepcionante. É uma história de amor, mas infelizmente muito ao género do Paulo Coelho, com umas ideias espirituais, em que a personagem principal percorre o Brasil a sonhar com o Padre António Vieira. Pelo meio ela encontra umas personagens que a levam a uma missa de Orishas. O fim é estupidamente previsível. Enfim... já fez muito melhor.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

AVENTURAS EXTRAORDINÁRIAS DE KIÁ, O REI DOS REPÓRTERES


Aventuras Extraordinárias de KIÁ, O rei dos repórteres
Reinaldo Ferreira

Um policial (ou melhor, um conjunto de contos policiais) bem engraçado que se lê numa tarde, ou em duas viagens de autocarros. O Reinaldo Ferreira é bastante diferente na escrita de policiais. Um óptimo livro para aqueles que dizem que os policiais são todos iguais. Mentira, uns são mais iguais que outros... hihihi. Agora a sério, melhor que este ainda é o "MEMÓRIAS DE UM CHAUFFEUR DE TÁXI" também dele e também recentemente publicado pela Editora Livros do Brasil. E esse sim, convence qualquer leitor menos afeiçoado aos policiais. Recomendo vivamente para aqueles que querem uma leitura "levezinha".

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Bilhete de Identidade


Bilhete de Identidade
Maria Filomena Mónica

Compramos em Dezembro e dei-lhe uma vista de olhos na altura, fiquei logo com a impressão que devia ser um daqueles livros em que se começa a ler e só se pára para comer. Desde o inicio que ela faz um ataque feroz a mãe, a igreja e por fim a toda a burguesia lisboeta em que ela é criada. Não perdoa uma crítica ou uma oportunidade de mandar uma opinião menos simpática a quem a rodeava. Desde o inicio do livro que ela vai mencionando todos os nomes sonantes da época e não só. Rodeou-se sempre de gente riquíssima, usufruindo de um estatuto que não seria o dela (palavras dela). E tudo isto ela vai contando como se nada fosse, como se não tivesse sido ela a ser criada nos colégios mais chiques da época ou como se não fosse ela a aproveitar-se sempre das boas influencias do nome do marido.


Tem imensa piada, lê-se muito bem e sempre se vai rindo um pouco de algumas figuras da actualidade. Só não percebo porque é que o Pulido Valente ficou tão chateado com ela, afinal falhar no acto sexual à primeira... bem e à segunda, não é um crime. Acontece... a alguns.