sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Paixão

                                   
Autor: Almeida Faria

Edição/reimpressão: 1981

Páginas: 180

Editor: Círculo de Leitores

A leitura deste livro começou como um desafio que me foi proposto por Álvaro de Sousa Holstein, a quem agradeço o empréstimo.

O leitor depara-se com uma obra dividida em três partes, cada uma correspondente a uma parte de um dia de sexta feira Santa, num mês de Março de um ano indeterminado, que podemos situar algures na década de 1960/1970, em pleno Estado Novo, antes da Revolução dos Cravos. O Alentejo é o local escolhido para o desenrolar da ação, com as suas lezírias, as suas aldeias brancas, os seus castelos e as suas as famílias antigas, donas de uma opulência que já conheceu melhores dias, seios onde vão germinar algumas das sementes que ajudarão a libertar o país dum regime totalitário e anquilosado.

É através das vivências que as diversas personagens vão rememorando que o leitor se apercebe da ligação que une todas elas, assim como da história mais vasta que os indivíduos anónimos foram / vão escrevendo para maior ou menor glória deste país. E essas vivências contadas por pessoas banais, são, na sua maioria, também elas simples e rudimentares, até na forma como são expressas. A linguagem é fabricada de modo a acompanhar essa simplicidade, trazendo-nos o mundo rural, as rotinas do dia a dia, uma certa religiosidade crédula, em contraponto às ideias que estão em ebulição em alguns núcleos do mundo académico do Portugal de então.

Não se trata de uma obra de leitura simples, uma vez que seguir o percurso do pensamento de alguém é sempre um exercício difícil; por outro lado, o uso constante da adjectivação não substitui o diálogo, que daria uma maior leveza à história. Na minha opinião, a forma como o autor ata as pontas, no final, fica aquém do esperado. Talvez seja propositado… Afinal os nossos próprios pensamentos nem sempre são coerentes…

3 comentários:

Victor disse...

merecias uma medalha por ter conseguido ler até ao fim!!

Álvaro de Sousa Holstein disse...

Foi manifestamente um acto de teimosia concretizado.

Paula Gomes disse...

Desculpem só agora responder...
Quando os desafios são levados a bom termo, mostram que vale a pena levá-los a sério...