quinta-feira, 26 de março de 2009

A estrada


A Estrada
Cormac McCarthy

"Um pai e um filho caminham sozinhos pela América. Nada se move na paisagem devastada, excepto a cinza no vento. O frio é tanto que é capaz de rachar as pedras. O céu está escuro e a neve, quando cai, é cinzenta. O seu destino é a costa, embora não saibam o que os espera, ou se algo os espera. Nada possuem, apenas uma pistola para se defenderem dos bandidos que assaltam a estrada, as roupas que trazem vestidas, comida que vão encontrando – e um ao outro. A Estrada é a história verdadeiramente comovente de uma viagem, que imagina com ousadia um futuro onde não há esperança, mas onde um pai e um filho, “cada qual o mundo inteiro do outro”, se vão sustentando através do amor. Impressionante na plenitude da sua visão, esta é uma meditação inabalável sobre o pior e o melhor de que somos capazes: a destruição última, a persistência desesperada e o afecto que mantém duas pessoas vivas enfrentando a devastação total.
"

Um livro notável. Li-o num dia e meio, por ser arrebatador. Espero não exagerar nos elogios, pois ainda estou no rescaldo do livro, mas é um livro pelo qual me apaixonei completamente.

A escrita do Cormac McCarthy está simplesmente fora de série. Escreve muito bem. A história é simples e mantêm-se simples, sem grandes invenções, justificações e mecanismos de distracção. O importante está sempre presente, o homem e o seu filho que tentam sobreviver, que tentam não se transformar nos "homens maus". A descrição da paisagem é perfeita. E o que mais me surpreendeu e que nunca me tinha acontecido, foi ter medo pelas personagens, não me conseguir abstrair de que era um livro e ter realmente medo que fossem apanhados pelos "homens maus".

Outra característica do livro foram os diálogos. Muitas criticas negativas li sobre o livro e principalmente sobre os diálogos entre pai e filho. No entanto considero os diálogos de uma riqueza de sentimentos difícil de descrever aqui. O miúdo tem cerca de 8 anos e só conhece este mundo destruído, sempre a fugir e com medo, sem ninguém com quem falar além do pai. Sem poder brincar, sempre com fome e frio, sempre a andar sem saber o que ira encontrar no fim da estrada. A acrescentar a isto é um miúdo meigo e preocupado com tudo. Sempre disposto a ajudar e que mesmo com fome de vários dias, implora ao pai que não mate um cão para comer. Perante este panorama que diálogos é que queriam que o miúdo tivesse com o pai?

Um livro a ler, que entrou para o meu top 5.


"Existe mesmo? O fogo?
Existe, sim.
Onde é que está? Eu não sei onde está.
Sabes, sim. Está dentro de ti."

3 comentários:

Célia disse...

Muito bom, este livro. Recomendo vivamente a sua leitura! Agora continuo à espera do filme, para ver se conseguiram passar bem o ambiente do livro para o grande ecrã.

Joana Pinto disse...

Eu também anseio pelo filme, pois foi o melhor livro, a par do "Ensaio Sobre a Cegueira", que li em 2008!

Unknown disse...

Canochinha - é realmente um livro lindo.

Joana Pinto - consigo imaginar todos os momentos do filme. Tenho uma imagem nítida do que deveria ser o filme. Espero que este não me desiluda. :(