A República nunca existiu!
Organizado por Octávio dos Santos
Surgiu uma nova editora que tem editado umas antologias com temas variados, esta fala-nos de um Portugal em que não existiu Regicídio. O nome da editora foi bem conseguido - Saída de emergência - têm piada e transmite em muito o sentido e significado da literatura para os apaixonados da mesma, já o livro... enfim.
São 14 autores, que infelizmente não divergem assim tanto uns dos outros, para desagrado meu.
Uma das histórias mais bem conseguidas sem dúvida é a da Luísa Marques da Silva - "Missão 121908" - futurista, com piada e sem ser estupidamente previsível. Relaciona de um modo inteligente e não forçado o início da primeira guerra mundial com a morte do filho de D. Carlos. Não tendo um ponto de vista demasiado monárquico, nem tentando enaltecer a importância de um rei para o desenvolvimento do nosso país, dá a conhecer pormenores do regicídio, dando-lhe uma visão feminina, a dor de D. Amélia na perda eminente do marido e de um filho.
Outro dos contos que me chamou a atenção foi "A lombada do moleskine" do Luis Bettencourt Moniz. Nada tem a ver com o regicídio, com histórias mirabolantes de grandiosos reis ou com guerras e ditaduras. Talvez nem se enquadre bem nesta antologia, mas é um conto com simplicidade, simplicidade que cada vez é mais difícil de encontrar, tudo tem de ser estrondoso, bizarro e violento para nos emocionar. Este conto nada conta de fabuloso, apenas está escrito fabulosamente.
A partir destes temos o corriqueiro, e o inimaginável:
São 14 autores, que infelizmente não divergem assim tanto uns dos outros, para desagrado meu.
Uma das histórias mais bem conseguidas sem dúvida é a da Luísa Marques da Silva - "Missão 121908" - futurista, com piada e sem ser estupidamente previsível. Relaciona de um modo inteligente e não forçado o início da primeira guerra mundial com a morte do filho de D. Carlos. Não tendo um ponto de vista demasiado monárquico, nem tentando enaltecer a importância de um rei para o desenvolvimento do nosso país, dá a conhecer pormenores do regicídio, dando-lhe uma visão feminina, a dor de D. Amélia na perda eminente do marido e de um filho.
Outro dos contos que me chamou a atenção foi "A lombada do moleskine" do Luis Bettencourt Moniz. Nada tem a ver com o regicídio, com histórias mirabolantes de grandiosos reis ou com guerras e ditaduras. Talvez nem se enquadre bem nesta antologia, mas é um conto com simplicidade, simplicidade que cada vez é mais difícil de encontrar, tudo tem de ser estrondoso, bizarro e violento para nos emocionar. Este conto nada conta de fabuloso, apenas está escrito fabulosamente.
A partir destes temos o corriqueiro, e o inimaginável:
- um possível rei no século XXI a comprar o Benfica;
- D. Manuel II como grande salvador e regente do império durante a recuperação do pai e irmão, lidando heroicamente com a situação, antecipando a necessidade da colaboração dos simples operários com a monarquia;
- um possível rei que numa marcha consegue travar o Salazar e as suas ideologias fascistas para Portugal, tendo como grande monárquico o Álvaro Cunhal e todos os ilustres pensadores como amigos;
- temos também uma versão... do além-mar, em que Brasil é "O" grande império que salva mais um rei que foge perante uma invasão do Franco apoiado pelo Mussolini e pelo Hitler, e em que mais uma vez o grande bicho papão - Salazar - fica como governante. De referir que este conto não se encontra escrito nem em brasileiro nem em português, sem desculpa de haver um monarca a falar português e outro a falar brasileiro, pois a dada altura tudo se mistura e confunde;
- temos uma D. Amélia rancorosa que morre no exílio;
- temos depois um conto delirante em que temos um jornalista maluco quer mudar o visual da família real para que a monarquia ganhe popularidade;
- pelo meio aparecem OVNIS no Alentejo;
- uma sociedade clandestina a favor da democracia que come esparguete à carbonária (note-se com carne humana);
- um D. Manuel II traidor que tenta matar o pai;
- um D. Manuel II maluco e que não tem grandes certezas sobre o que sabe;
- mais uma tentativa frustrada de regicídio;
- e um conto em que entre clonagens e muros que prendem a humanidade, nasce uma rainha que reacende a esperança na cidade.
O que aborrece é que nos tentam convencer que estaríamos muito melhor com uma monarquia. Estou convicta que certamente não estaríamos pior, mas aí é que entram as incertezas que nunca poderemos esclarecer.
3 comentários:
Boa noite!
Singelas e parcas mas sentidas palavras: agradeço a sua crítica ao meu conto inserido no livro "A República nunca existiu".
Melhores cumprimentos
Bem Haja
Luis Bettencourt Moniz
Acho que já sei onde procurar a carne para a minha próxima carbonária!!!
Abraço amigo
Alexandre Vieira
E ainda não viu o que esses senhores escrevem num blog que cá conheço:
www.esquinas.org
Com os melhores cumprimentos
"O"
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