segunda-feira, 27 de abril de 2009

A sabedoria dos mortos

A sabedoria dos mortos
Rodolfo Martinez

"Durante a investigação de um estranho caso de suplantação de personalidade, o famoso detective de Baker Street vê-se envolvido numa intriga feroz entre duas seitas luciferinas - o lendário Amanhecer Dourado e a franco-maçonaria egípcia - pela posse do livro mais poderoso alguma vez escrito, o livro que abre as portas do próprio Inferno: o tenebroso e amaldiçoado Necronomicon.

Rodolfo Martinez coloca frente a frente dois dos grandes mitos literários de todos os tempos: o intelecto de Sherlock Holmes e a imaginação de H. P. Lovecraft. O resultado é uma narrativa apaixonante que poderia estar assinada pela própria pena de Sir Arthur Conan Doyle."


A Sabedoria dos Mortos traz-nos novas historias de Sherlock Holmes, desta vez com um toque de irreal e do imaginário. O livro é composto por 3 historias: "A Sabedoria dos Mortos", "Desde a Terra mais além do Bosque" e "A Aventura do Assassino Fingido".

Nas duas primeiras historias o autor tem uma ideia engraçada, não original, mas que consegue desenvolver com algum interesse. No primeiro caso Sherlock Holmes enfrente um antepassado de Lovecraft (possivelmente avô) que tenta roubar o famoso Necronomicon, no outro caso Sherlock Holmes enfrenta Dracula com a ajuda de Van Helsing
o Dr. John Seward.
Por um lado para quem não conhecer Lovecraft e todo o mundo lovecraftiano, o primeiro conto permite-nos sentir um ligeiro toque desse mundo de terror. Misterios que ficam sem resposta, referencia ao Livro dos Mortos designado por Necronomicon. Pequenos seres malignos com poderes sub-naturais, sem nunca sair do mundo de Holmes. Por outro lado para quem gosta de Sherlock Holmes terá aqui hipótese de quase rever Holmes em mais algumas investigações.

O autor peca por tornar a acção demasiado lenta no caso da primeira historia. Rodolfo Martinez perde-se no desenvolvimento da acção em pro do relacionamento de Holmes e do Dr. Watson. Esta tentativa de desenvolver o relacionamento de ambos faz as personagens afastarem-se um pouco das personagens a que Arthur Conan Doyle nos habituou.
O segundo conto é bastante corriqueiro, sem nada de novo nem extraordinário, mas que no meu caso me agradou mais, por envolver o Dracula. O terceiro conto, é provavelmente o que mais se aproxima do verdadeiro Sherlock Holmes.

No livro em si, o que me deixou confusa foi a aversão do autor ao Arthur Conan Doyle, pois o Rodolfo Martinez introduz o Conan Doyle como personagem no primeiro conto, caracterizando-a bastante negativamente, o que não joga a favor de Rodolfo Martinez.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O trabalho é sagrado


O trabalho é sagrado
Henrique Nicolau

Não será de longe o seu melhor livro e nem será propriamente uma história original, ao género de Henrique Nicolau, é contudo cativante.

Um jornalista, cujo nome não sabemos, é encarregue de uma reportagem que envolve a estranha morte de um homem influente do Porto. Politica, dinheiro e muita corrupção são os temas chaves da investigação.

Henrique Nicolau tem como ponto forte nos seus policiais a personagem principal que tem sempre características especiais, nunca sendo os típicos heróis. Ou mulherengo, ou dados ao ócio e à bebida, sempre um pouco caricatas mas sempre insistentes no objectivo de descobrir a verdade.

Neste caso as personagens não são nada típicas, o jo
rnalista passa 90% do livro a beber, a comer e a ... não pensa duas vezes em relação a como descobrir tudo. Envolve-se com alguns mafiosos, utilizando até alguns conhecimentos no meio mais obscuro da criminalidade para dar umas boas amassadelas em personagens que se encontram envolvidas no crime. Tudo para chegar à verdade. Outro ponto forte, são os regionalismos que são muito bem empregues e divertem-nos ao longo do livro.

"António Damião nasceu em Pocariça (Alenquer) em 1941. Aos 14 meses veio para Lisboa. Aí frequentou a escola primária e o liceu (Gil Vicente). E por aqui ficou; hoje a residir nos Olivais.
Trabalhou para cinema (publicidade, documentários, televisão), tendo realizado o filme Talvez Amanhã (1969).
Recebeu os prémios Editorial Caminho de Literatura Policial com O Trabalho é Sagrado, e Repórter X, da Associação Policiária Portuguesa, com Todos e Nenhum.
Com onze livros publicados, entre os quais Na Boca da Infância (1988) António Damião é, no entanto, mais conhecido pelo pseudónimo Henrique Nicolau com que assina os seus romances policiais."


Descobri também que tenho uma das obras do Henrique Nicolau com dedicatória.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Os Livros e a Censura em Portugal


Os Livros e a Censura em Portugal
João Brandão


Encontrei um artigo que achei que deveria aqui fazer uma pequena referencia. Uma listagem de livros que durante o regime foram proibidos, assim como vários autores que sofreram às mãos da censura. Aqui fica o link.

Alguns escritores mencionados:

Damião de Góis, cronista de reis e príncipes, esteve preso quatro anos. Quando já era septuagenário acabou or sair sob liberdade condicional para morrer nesse mesmo ano de 1574. Causa da prisão: ser autor da Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel, publicada em quatro volumes, e na qual o monarca viu referências desfavoráveis à sua pessoa e à política do reino, nomeadamente a condenação da matança dos judeus. O primeiro volume foi apreendido e nele introduzido, à revelia do autor, elogios ao cardeal D. Henrique, inquisidor-mor, e à própria Inquisição.

Luís de Camões esteve preso duas ou três vezes, a primeira cerca de nove meses entre 16 de Junho de 1552 e 13 de Março de 1553, por causa de uma simples rixa no Rossio. Sobre Os Lusíadas, que salvara de um naufrágio na costa do Camboja, teve de submeter o texto aos censores do Santo Ofício, instalados no Mosteiro de S. Domingos, e discuti-lo verso a verso. Após a sua morte, ocorrida passado pouco tempo, sobre tudo o que escreveu, incluindo Os Lusíadas, caiu o silêncio da comunidade intelectual do seu tempo, ocupada a elogiar autores que hoje ninguém sabe quem são.

Francisco Manuel de Melo, poeta, dramaturgo, historiador, cronista militar, moralista, foi dos escritores portugueses que mais tempo passou na prisão – entre nove e onze anos, só de uma vez. Os motivos ainda hoje são obscuros.

Padre António Vieira, o profeta do Quinto Império também não escapou aos cárceres da Inquisição, nos quais foi metido em 1665 e 1667 por causa da publicação do livro Esperança de Portugal, Quinto Império do Mundo, Primeira e Segunda Vidas de El-Rei D. João IV, em que defendia os cristãos-novos e sibilava contra os dominicanos do Santo Ofício.

Francisco Xavier de Oliveira, Cavaleiro de Oliveira, o Santo Ofício condenou-o no dia 18 de Agosto de 1761 mas ele estava exilado na Holanda e safou-se. Apenas a sua efígie foi queimada, exactamente no último auto-de-fé que houve em Portugal, e os seus livros foram retirados do mercado.

António José da Silva, «O Judeu», dramaturgo, foi preso pela primeira vez em 1726, juntamente com a mãe. Torturado, liberto meses depois é novamente encarcerado em 1737, de novo com a mãe e agora também com a mulher e a filha. Dois anos mais tarde foi degolado e queimado num auto-de-fé no Terreiro do Trigo em Lisboa. A mulher e a mãe foram igualmente queimadas vivas.

Correia Garção, poeta e dramaturgo foi mandado prender no dia 9 de Abril de 1771 pelo marquês de Pombal. Metido no Limoeiro, aí ficou até 24 de Março de 1773. No dia em que a ordem de soltura chegou, morreu na enfermaria da cadeia."

Filinto Elísio, poeta, sacerdote, denunciado à Inquisição pela própria mãe, já depois da queda de Pombal.

Editoras que sofreram às mãos da PIDE:


E como se a censura não fosse suficiente, muitas vezes a Polícia assaltava as casas dos escritores, as gráficas ou os editores levando tudo o que vinha a jeito.

De uma só vez, a editora Europa-América teve 73 mil livros apreendidos e 23 títulos proibidos. (...) Durante quatro dias deram volta a tudo. Regressaram no dia 23. Agora com carros que cercaram todo o edifício de Mem Martins e levaram toda aquela quantidade de livros. Em dinheiro da altura, o prejuízo andou pelo menos na ordem dos 700 contos.

Nesse mesmo ano, e na sequência da atribuição do «Prémio Camilo Castelo Branco» ao escritor angolano Luandino Vieira, a cumprir uma pena de 14 anos de prisão sob a acusação de terrorismo, a Sociedade Portuguesa de Escritores vê a sua sede, em Lisboa, feita em fanicos por obra de um bando de legionários e agentes da polícia política, acabando por vir a ser extinta por despacho do ministro da Educação Nacional.

Nos dois anos que antecedem ao 25 de Abril de 1974, as prateleiras da editora Seara NovaSeara Nova podia contar, nessa altura, com pelo menos cinco processos por edições de livros considerados subversivos e que a DGS tinha já enviado para o Tribunal Plenário.

Vários editores viram as suas instalações destruídas e encerradas violentamente pela Polícia, como sucedeu, entre outros, com a Editorial Minotauro. Alguns tinham quase todas as suas edições proibidas de circular no mercado. (...)

LIVROS PROIBIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS DA DITADURA

Orgulho e Preconceito

Orgulho e Preconceito Jane Austen
Considerando que se trata de uma obra que recebe grande elogios e que por muitos é considerado um dos grandes clássicos, é natural que as expectativas quando se começa a ler sejam altas, para não dizer muito altas. Tendo em conta isso e tendo em conta que é o livro preferido de muitos, penso não ofender ninguém em considerar esta obra média e tentando justificar o porquê.

Elizabeth Bennet, uma das cinco filhas de uma família da classe média rural, conhece Fitzwilliam Darcy, membro da alta sociedade mas de um orgulho desmesurado. As tensões aparecem rapidamente, alternando sensivelmente o idílico e pacífico mundo rural inglês, que se revela como uma sociedade rígida, em que abundam os preconceitos e na qual nem tudo é aquilo que parece. Neste romance de formação, os protagonistas devem madurar e aprender dos seus erros para poderem encarar o futuro, separando o orgulho da classe de Darcy e os preconceitos de Elizabeth.

Começo por elogiar a escrita da Jane Austen. O livro, na minha opinião, está muito bem escrito. Cativou-me desde o inicio o modo ligeiro e com sentido de humor com que estava escrito.

As personagens são outro ponto forte do livro. Muito boas, muito engraçadas e muito reais para a época. Conseguimos visualizar perfeitamente a mãe, as irmãs e os familiares de Elizabeth. Conseguimos imaginar a vergonha e o embaraço dela perante o comportamento disparatado da família.

A época muito especifica, é perfeitamente retratada no livro. Sem se demorar excessivamente nos pormenores descritivos, mas usando-os o suficiente para conseguirmos visualizar as casas, quintas, jardins e bailes.

O ponto em que peca, é mesmo a história. Previsível, um pouco enfadonha e sempre com o final esperado. Decepcionada com o final das personagens, esperava algo mais real, pois no fundo, a probabilidade do desfecho como nos foi apresentado era impossível. Mas concordo com a expressão "Sonhar não custa".