Autor: Fernando Pessoa sob o heterónimo de Alexander Search
Data de Publicação: 2008
Editora: Relógio d' Água
Páginas: 52
ISBN: 9789896410148
Sinopse
Um Jantar Muito Original e A Porta são dois contos escritos entre 1906 e 1907 por Fernando Pessoa, usando a língua inglesa e o heterónimo de Alexander Search, por ele próprio definido como «um habitante do inferno». São contos fantásticos, centrados na perversidade, no mistério e na loucura e em ambos pode ver-se alguma influência de Põe. Um Jantar Muito Original teve uma discreta divulgação em 1978. De A Porta, que permaneceu muito tempo inédito, publica-se a parte decifrável. O trabalho de recolha e tradução dos textos foi feito por Maria Leonor Machado de Sousa, conhecida investigadora da obra de Pessoa e da literatura fantástica portuguesa.
Qualquer um dos contos tem um interesse próprio. Mas ambos, e sobretudo A Porta, revelam aspectos importantes de Fernando Pessoa que reconheceu entre as suas «complicações mentais» «o medo da loucura, o qual, em si, já é loucura».
O livro é constituído por dois contos, Um Jantar Muito Original seguido de A Porta. Não sendo uma grande admiradora de Fernando Pessoa, nunca tive grande curiosidade na sua poesia quando esta me foi impingida no secundário, peguei no entanto no livro com algum interesse e esperança. Sendo os contos “a minha praia”, como gostam agora de dizer, quer na escrita, quer na literatura, são também muito mais difíceis de escrever. Um bom conto é difícil de conseguir, assim como tendemos a ser mais exigentes com os contistas.
Neste caso o primeiro conto “Um Jantar Muito Original” trata-se tal como o nome indica, de um jantar entre um grupo de apreciadores da boa mesa, organizado com a finalidade de ser original e desafiante para os seus participantes. Pois estes devem adivinhar o que de misterioso e original, único e nunca visto antes, tem aquele jantar organizado para eles.
A ideia é interessante e o conto está bem escrito, fluido e sem ser aborrecido ou demasiado longo, o que num conto é “nota negativa” logo. Não achei foi o desafio impossível de adivinhar, ou melhor, logo de início percebi o que é que se passaria no jantar, contudo admito que cem anos atrás o conto seria certamente inovador.
Quanto ao segundo conto, estava a correr tão bem, achei a história que o narrador estava a contar interessante e muito de acordo com aquilo que eu gosto de ler, um mistério aparentemente inexistente, mas que não passa despercebido. Um rapaz que sempre que passa por uma porta especifica não consegue resistir de lhe dar um pontapé, pode parecer inicialmente uma birra, mas quando esta psicose se mantém em adulto, não ficamos indiferentes e queremos saber o que alimenta tal fixação. Pois, gostariam? Pois, mas ficam sem saber. Ah pois, e sim são muitos pois seguidos, mas isto é para evitar outro tipo de linguagem, é que o conto não está terminado, nem correctamente transcrito, porque onde o manuscrito está ilegível temos espaços em branco.
Como podem imaginar fiquei deveras desiludida com o facto de venderem um livro com dois contos, e um deles estar inacabado. Pois... não gostei da publicação inacabada.
1 comentário:
oh, a ideia do conto inacabado já foi feita (e logo pelo Pessoa)... Ainda bem que assim foi, tal como suspeitava não teria reacções satisfeitas. :)
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