quarta-feira, 1 de abril de 2009

Os Livros e a Censura em Portugal


Os Livros e a Censura em Portugal
João Brandão


Encontrei um artigo que achei que deveria aqui fazer uma pequena referencia. Uma listagem de livros que durante o regime foram proibidos, assim como vários autores que sofreram às mãos da censura. Aqui fica o link.

Alguns escritores mencionados:

Damião de Góis, cronista de reis e príncipes, esteve preso quatro anos. Quando já era septuagenário acabou or sair sob liberdade condicional para morrer nesse mesmo ano de 1574. Causa da prisão: ser autor da Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel, publicada em quatro volumes, e na qual o monarca viu referências desfavoráveis à sua pessoa e à política do reino, nomeadamente a condenação da matança dos judeus. O primeiro volume foi apreendido e nele introduzido, à revelia do autor, elogios ao cardeal D. Henrique, inquisidor-mor, e à própria Inquisição.

Luís de Camões esteve preso duas ou três vezes, a primeira cerca de nove meses entre 16 de Junho de 1552 e 13 de Março de 1553, por causa de uma simples rixa no Rossio. Sobre Os Lusíadas, que salvara de um naufrágio na costa do Camboja, teve de submeter o texto aos censores do Santo Ofício, instalados no Mosteiro de S. Domingos, e discuti-lo verso a verso. Após a sua morte, ocorrida passado pouco tempo, sobre tudo o que escreveu, incluindo Os Lusíadas, caiu o silêncio da comunidade intelectual do seu tempo, ocupada a elogiar autores que hoje ninguém sabe quem são.

Francisco Manuel de Melo, poeta, dramaturgo, historiador, cronista militar, moralista, foi dos escritores portugueses que mais tempo passou na prisão – entre nove e onze anos, só de uma vez. Os motivos ainda hoje são obscuros.

Padre António Vieira, o profeta do Quinto Império também não escapou aos cárceres da Inquisição, nos quais foi metido em 1665 e 1667 por causa da publicação do livro Esperança de Portugal, Quinto Império do Mundo, Primeira e Segunda Vidas de El-Rei D. João IV, em que defendia os cristãos-novos e sibilava contra os dominicanos do Santo Ofício.

Francisco Xavier de Oliveira, Cavaleiro de Oliveira, o Santo Ofício condenou-o no dia 18 de Agosto de 1761 mas ele estava exilado na Holanda e safou-se. Apenas a sua efígie foi queimada, exactamente no último auto-de-fé que houve em Portugal, e os seus livros foram retirados do mercado.

António José da Silva, «O Judeu», dramaturgo, foi preso pela primeira vez em 1726, juntamente com a mãe. Torturado, liberto meses depois é novamente encarcerado em 1737, de novo com a mãe e agora também com a mulher e a filha. Dois anos mais tarde foi degolado e queimado num auto-de-fé no Terreiro do Trigo em Lisboa. A mulher e a mãe foram igualmente queimadas vivas.

Correia Garção, poeta e dramaturgo foi mandado prender no dia 9 de Abril de 1771 pelo marquês de Pombal. Metido no Limoeiro, aí ficou até 24 de Março de 1773. No dia em que a ordem de soltura chegou, morreu na enfermaria da cadeia."

Filinto Elísio, poeta, sacerdote, denunciado à Inquisição pela própria mãe, já depois da queda de Pombal.

Editoras que sofreram às mãos da PIDE:


E como se a censura não fosse suficiente, muitas vezes a Polícia assaltava as casas dos escritores, as gráficas ou os editores levando tudo o que vinha a jeito.

De uma só vez, a editora Europa-América teve 73 mil livros apreendidos e 23 títulos proibidos. (...) Durante quatro dias deram volta a tudo. Regressaram no dia 23. Agora com carros que cercaram todo o edifício de Mem Martins e levaram toda aquela quantidade de livros. Em dinheiro da altura, o prejuízo andou pelo menos na ordem dos 700 contos.

Nesse mesmo ano, e na sequência da atribuição do «Prémio Camilo Castelo Branco» ao escritor angolano Luandino Vieira, a cumprir uma pena de 14 anos de prisão sob a acusação de terrorismo, a Sociedade Portuguesa de Escritores vê a sua sede, em Lisboa, feita em fanicos por obra de um bando de legionários e agentes da polícia política, acabando por vir a ser extinta por despacho do ministro da Educação Nacional.

Nos dois anos que antecedem ao 25 de Abril de 1974, as prateleiras da editora Seara NovaSeara Nova podia contar, nessa altura, com pelo menos cinco processos por edições de livros considerados subversivos e que a DGS tinha já enviado para o Tribunal Plenário.

Vários editores viram as suas instalações destruídas e encerradas violentamente pela Polícia, como sucedeu, entre outros, com a Editorial Minotauro. Alguns tinham quase todas as suas edições proibidas de circular no mercado. (...)

LIVROS PROIBIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS DA DITADURA

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