terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A República nunca existiu!


A República nunca existiu!
Organizado por Octávio dos Santos

Surgiu uma nova editora que tem editado umas antologias com temas variados, esta fala-nos de um Portugal em que não existiu Regicídio. O nome da editora foi bem conseguido - Saída de emergência - têm piada e transmite em muito o sentido e significado da literatura para os apaixonados da mesma, já o livro... enfim.

São 14 autores, que infelizmente não divergem assim tanto uns dos outros, para desagrado meu.

Uma das histórias mais bem conseguidas sem dúvida é a da Luísa Marques da Silva - "Missão 121908" - futurista, com piada e sem ser estupidamente previsível. Relaciona de um modo inteligente e não forçado o início da primeira guerra mundial com a morte do filho de D. Carlos. Não tendo um ponto de vista demasiado monárquico, nem tentando enaltecer a importância de um rei para o desenvolvimento do nosso país, dá a conhecer pormenores do regicídio, dando-lhe uma visão feminina, a dor de D. Amélia na perda eminente do marido e de um filho.

Outro dos contos que me chamou a atenção foi "A lombada do moleskine" do Luis Bettencourt Moniz. Nada tem a ver com o regicídio, com histórias mirabolantes de grandiosos reis ou com guerras e ditaduras. Talvez nem se enquadre bem nesta antologia, mas é um conto com simplicidade, simplicidade que cada vez é mais difícil de encontrar, tudo tem de ser estrondoso, bizarro e violento para nos emocionar. Este conto nada conta de fabuloso, apenas está escrito fabulosamente.

A partir destes temos o corriqueiro, e o inimaginável:
  • um possível rei no século XXI a comprar o Benfica;
  • D. Manuel II como grande salvador e regente do império durante a recuperação do pai e irmão, lidando heroicamente com a situação, antecipando a necessidade da colaboração dos simples operários com a monarquia;
  • um possível rei que numa marcha consegue travar o Salazar e as suas ideologias fascistas para Portugal, tendo como grande monárquico o Álvaro Cunhal e todos os ilustres pensadores como amigos;
  • temos também uma versão... do além-mar, em que Brasil é "O" grande império que salva mais um rei que foge perante uma invasão do Franco apoiado pelo Mussolini e pelo Hitler, e em que mais uma vez o grande bicho papão - Salazar - fica como governante. De referir que este conto não se encontra escrito nem em brasileiro nem em português, sem desculpa de haver um monarca a falar português e outro a falar brasileiro, pois a dada altura tudo se mistura e confunde;
  • temos uma D. Amélia rancorosa que morre no exílio;
  • temos depois um conto delirante em que temos um jornalista maluco quer mudar o visual da família real para que a monarquia ganhe popularidade;
  • pelo meio aparecem OVNIS no Alentejo;
  • uma sociedade clandestina a favor da democracia que come esparguete à carbonária (note-se com carne humana);
  • um D. Manuel II traidor que tenta matar o pai;
  • um D. Manuel II maluco e que não tem grandes certezas sobre o que sabe;
  • mais uma tentativa frustrada de regicídio;
  • e um conto em que entre clonagens e muros que prendem a humanidade, nasce uma rainha que reacende a esperança na cidade.

O que aborrece é que nos tentam convencer que estaríamos muito melhor com uma monarquia. Estou convicta que certamente não estaríamos pior, mas aí é que entram as incertezas que nunca poderemos esclarecer.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A instrução dos amantes


A instrução dos Amantes
Inês Pedrosa

Este foi rápido de ler, é de leitura fácil e rápida, numa linguagem bastante fluída. Gira em volta de um grupo de adolescentes no pós 25 Abril, onde os problemas envolvem namoros, amores não correspondidos e todas as inseguranças próprias da adolescência agravadas pela época em questão. Aborda também o suicídio numa idade complicada.


O livro não trás nada de novo, mas não aborda mal o tema. Ficou contudo um pouco aquém das expectativas, que eram altas devido aos magníficos livros que já li dela.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A Eternidade e o Desejo

A Eternidade e o Desejo
Inês Pedrosa

Estava a espera de um belo livro, com uma historia de amor que me deixasse de rastos, como o Fazes-me falta ou o Fica comigo esta noite. Ambos muito bonitos e sem duvida diferentes do que anda por aí. Este no entanto é muito fraquinho e decepcionante. É uma história de amor, mas infelizmente muito ao género do Paulo Coelho, com umas ideias espirituais, em que a personagem principal percorre o Brasil a sonhar com o Padre António Vieira. Pelo meio ela encontra umas personagens que a levam a uma missa de Orishas. O fim é estupidamente previsível. Enfim... já fez muito melhor.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

AVENTURAS EXTRAORDINÁRIAS DE KIÁ, O REI DOS REPÓRTERES


Aventuras Extraordinárias de KIÁ, O rei dos repórteres
Reinaldo Ferreira

Um policial (ou melhor, um conjunto de contos policiais) bem engraçado que se lê numa tarde, ou em duas viagens de autocarros. O Reinaldo Ferreira é bastante diferente na escrita de policiais. Um óptimo livro para aqueles que dizem que os policiais são todos iguais. Mentira, uns são mais iguais que outros... hihihi. Agora a sério, melhor que este ainda é o "MEMÓRIAS DE UM CHAUFFEUR DE TÁXI" também dele e também recentemente publicado pela Editora Livros do Brasil. E esse sim, convence qualquer leitor menos afeiçoado aos policiais. Recomendo vivamente para aqueles que querem uma leitura "levezinha".

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Bilhete de Identidade


Bilhete de Identidade
Maria Filomena Mónica

Compramos em Dezembro e dei-lhe uma vista de olhos na altura, fiquei logo com a impressão que devia ser um daqueles livros em que se começa a ler e só se pára para comer. Desde o inicio que ela faz um ataque feroz a mãe, a igreja e por fim a toda a burguesia lisboeta em que ela é criada. Não perdoa uma crítica ou uma oportunidade de mandar uma opinião menos simpática a quem a rodeava. Desde o inicio do livro que ela vai mencionando todos os nomes sonantes da época e não só. Rodeou-se sempre de gente riquíssima, usufruindo de um estatuto que não seria o dela (palavras dela). E tudo isto ela vai contando como se nada fosse, como se não tivesse sido ela a ser criada nos colégios mais chiques da época ou como se não fosse ela a aproveitar-se sempre das boas influencias do nome do marido.


Tem imensa piada, lê-se muito bem e sempre se vai rindo um pouco de algumas figuras da actualidade. Só não percebo porque é que o Pulido Valente ficou tão chateado com ela, afinal falhar no acto sexual à primeira... bem e à segunda, não é um crime. Acontece... a alguns.